O Campino

Submetido por jpsdias a 24 Setembro 2022

Campino do Ribatejo! /

Figura que nasce e morre /
Nos campos da beira-mar! /
Tão portuguesa e tão bela /
Na sua simplicidade /
Que até na sua pobreza /
Nunca sabe mendigar! /
 
Entre cavalos e toiros /
Na lezíria assoalhada /
A sua figura esbelta /
Tem um encanto infinito: /
Barrete verde; o colete /
Encarnado sobre a neve /
 
Da camisa de algodão; /
Jaleca bem recortada, /
Meia branca, os albardões, /
As esporas, o calção /
Azul cobalto justinho /
E a cinta escarlate quente /
Da cor do sangue ou do vinho. /

Além, naquele valado, /
As papoilas e o junquilho /
Fazem trofeu, há mais luz! /
 
Um harmónio no fadango /
Vibra e salta no compasso /
Magoadamente agitado! /

Anda no ar o farrapo /
Dolente de uma cantiga /
Mordida pelo ciúme! /

E o fandango vai dançado! /
Ninguém se mexe. Só ele, /
Bamboleado, rirail /
Desempenado, perfeito, /
- E as pernas? Como ele as dobra? /

E aquela curva do peito? /
Trás um cravo na orelha,
E dança, dança, - o harmónio /
Vai-lhe graduando o alento, /
A luz perturba, - mulheres /
Ficaram mudas a olhá-lo! /

A garotada assobia /
Acentuando o mitovo /
Musical, mas, a preceito; /
E o Sol, apesar do dia /
Nascer fosco e marralheiro, /
Parece lume! - O fandango /
Com a graça de um campino /
É Portugal verdadeiro!

António Botto
Ódio e Amor, Edições Ática, 1947
António Botto

António Botto

Poeta, contista e dramaturgo. N. Concavada, concelho de Abrantes, 17 de Agosto de 1897, ob. Rio de Janeiro, 16 de Março de 1959. Dá o nome à Biblioteca Municipal de Abrantes desde 1993.

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